domingo, 14 de dezembro de 2008

Alertas

02/12/2008 - 10h43


Bichos de estimação ficam enciumados com bebês; veja como evitar

MARIANA MAZIERO

da Revista da Hora


O animal é o centro das atenções e vive rodeado de mimos. De repente, sua rotina muda porque a família se prepara para a chegada de um bebê.

Um novo quarto, novas atividades e novos horários. Essa é uma situação comum em que o cão e o gato podem ficar com ciúme, depressivos e até pararem de comer.

Para os bichos, é difícil dividir a atenção dos donos. O veterinário Daniel Giberne, diretor da Associação Nacional de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais, explica que, nessas situações, as pessoas devem manter as atividades normais, como brincar ou passear.

"Além disso, a restrição absoluta do animal ao quarto do bebê ou ao ambiente em que ele esteja é um erro. Ele precisa aprender a conviver com a novidade. É necessário fazer uma restrição seletiva, mas não impedir o acesso. A aproximação dos dois é importante para que o animal perceba que não perdeu seu espaço, está apenas dividindo com mais uma pessoa", afirma Giberne.

Segundo Cristina Fotin, veterinária homeopata que trata do comportamento animal, os bichos se sentem assim por sua característica de proteção territorial. Por isso, o contato entre eles precisa ser trabalhado. Para ela, o ideal é que os donos conversem com os bichos e expliquem as mudanças. "Os animais percebem o que os donos querem dizer. Inicialmente, os cachorros podem estranhar a presença da criança, mas, se puderem participar, vão adotar o bebê e protegê-lo como se fosse um filhote."

Cristina explica que há algumas variações de comportamento de acordo com o sexo e a idade do animal. O filhote está mais aberto a mudanças. Um cachorro adulto tem seu ritmo estabelecido, e o idoso, acima de nove anos, tem mais dificuldade de se relacionar porque tem manias e dores decorrentes da idade, o que o torna mais rabugento.

As fêmeas respeitam mais os filhotes. Já os machos têm características territoriais, eles determinam seu espaço e reagem quando se sentem ameaçados.


Pincher enciumada


Safira, uma pincher de 15 anos de idade, reagiu mal ao ter de dividir a atenção de sua dona, a fisioterapeuta Vanessa Brugiolo, depois do nascimento de Thiago, hoje com seis anos. Vanessa conta que, durante a gravidez, Safira ficou mais próxima dela.

"Ela me acompanhava pela casa o tempo todo. Mas, quando o Thiago nasceu, a gente deixou de dar um pouco de atenção, e ela sentiu, porque sempre foi o bebezinho da família. Não foi de propósito, mas o Thiago também exigia atenção."

Safira acabou culpando o garoto por essa ausência. "Ela não gosta dele até hoje. Ele tenta brincar com ela, mas ela avança. Não deixa ele se aproximar de jeito nenhum", conta.


http://www1.folha.uol.com.br/folha/bichos/ult10006u474090.shtml




09/12/2008 - 08h22


Cães entendem injustiça e sentem inveja, diz estudo


RICARDO BONALUME NETO

da Folha de S.Paulo

Quem tem mais de um cachorro sabe o óbvio: que na hora de dar um biscoito ou um osso, todos têm que ter o seu próprio. Mas o "óbvio" do dono de um animal doméstico não é o mesmo da ciência. Foi preciso uma equipe de pesquisadores na Áustria testar se existe "inveja" entre cães para deixar claro que isso não só existe, como faz parte de um mecanismo biológico vinculado à evolução da cooperação em indivíduos de uma mesma espécie.

Testados, os cães deixaram claro que possuem uma natural "aversão à iniqüidade", e que fazem "greve" se não forem tratados do mesmo modo como seus semelhantes, algo já descoberto em macacos.

O estudo, liderado por Friederike Range, da Universidade de Viena (Áustria), está na edição de hoje da revista "PNAS".

Os experimentos parecem mais adestramento canino doméstico do que algo associado a um laboratório universitário. Foram testados 29 cães capazes de "dar a patinha". Os cachorros selecionados eram já adestrados nesse comando com seus donos, mas o teste envolvia "dar a patinha" para um experimentador desconhecido, acompanhados pelo dono e por um outro cachorro logo ao lado.
Leve-se em conta que são cachorros austríacos, acostumados à dieta local. Ao obedecer ao comando, o cachorro poderia receber uma recompensa boa --um pedaço de salsicha--, ou uma nem tanto --um pedaço de pão preto. Pior, poderiam não receber nada pelo "trabalho" de dar a pata.

Os testes foram planejados de modo a excluir interpretações alternativas. Os cães foram testados, por exemplo, sem receber recompensa; ou sem o cão parceiro; ou com ambos recebendo o prêmio.

"Cães têm uma forma de ciúme, e todo dono de mais de um cão sabe que se faz carinho em um, o outro vem pedir", diz Cesar Ades, especialista em comportamento animal do Instituto de Psicologia da USP, que elogia o experimento. "É um trabalho cuidadoso, eles mostram a recompensa ao cachorro, feita com vários controles. Se um recebe e o outro não, ele pára de dar a pata até antes daquele que não recebe recompensa sem contato social."
Ao contrário dos experimentos com chimpanzés, os cães não davam importância à qualidade da recompensa (salsicha ou pão preto). Já os macacos eram mais discriminantes quanto ao tipo de recompensas que ganhavam.

Os cães também sempre comiam o que recebiam; os macacos podiam rejeitar a comida se achavam que estavam sendo injustamente tratados. Só não há explicação clara no estudo para o fato de um cão não fazer distinção entre salsicha e pão, diz Ades.

Experimentos anteriores mostraram que os cães cansam da brincadeira e param de dar a pata depois de 15 a 20 vezes sem receber nenhuma recompensa.

O resultado do novo teste foi o que os donos de cães poderiam prever: animais sem prêmio pelo mesmo "trabalho" do colega ao lado logo pararam de "cumprimentar" o experimentador, e mostravam sinais de "indignação" --ficavam se coçando, bocejando, lambendo a boca ou desviando o olhar.


http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u476912.shtml

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