domingo, 24 de janeiro de 2010

Peixes Não São Burros

Peixes têm boa memória e capacidade de aprender, afirma estudo

23/01/2010 - 13h29


da BBC Brasil

Parte piada, parte mito, a memória dos peixes tem sido catalogada como a mais efêmera do mundo animal.

Porém um estudo feito por pesquisadores australianos concluiu que os peixes não somente podem se lembrar de seus predadores por pelo menos um ano como também têm uma capacidade de aprendizagem excelente.

"Isto significa que seu comportamento é, ao contrário do que se pensava, altamente flexível", disse à BBC o coordenador do estudo, Kevin Warburton, pesquisador do Instituto de Terra, Água e Sociedade da Universidade Charles Sturt, na Austrália.

Segundo Warburton, que analisou em detalhes o comportamento dos peixes de água doce da Austrália e em particular a perca prateada, peixe comum na região, os peixes podem lembrar de seus predadores mesmo após um único encontro.

Esta habilidade para lembrar também se aplica a qualquer objeto que represente uma ameaça. Por exemplo, "se um peixe morde um anzol e consegue escapar, guarda esta experiência em sua memória e é muito difícil que volte a morder um anzol numa segunda oportunidade", explica o pesquisador.

"Por causa do desconhecimento sobre o comportamento dessas criaturas, pode-se cometer o erro de achar que quando não há pesca em uma região determinada é porque se esgotaram os recursos ou os peixes foram embora dali, quando na realidade o que pode estar ocorrendo é que os peixes estão ali, mas não caem na armadilha", afirma Warburton.

Associação

Os peixes aprendem também a conhecer em profundidade seu ambiente e associam a abundância de alimentos ou os perigos com determinados lugares. Eles utilizam esta informação para identificar vias de escape caso apareça uma ameaça e também para traçar suas rotas favoritas.

Outra característica dos peixes, segundo Warburton, é a sofisticação do processo para a tomada de decisões.

Por exemplo, "eles preferem a companhia dos peixes que lhe parecem familiares, já que podem ler seu comportamento mais facilmente". "Eles também escolhem se unir a um cardume porque nadar em grupo lhes traz benefícios em termos de proteção diante dos predadores e na busca de alimentos", explica o pesquisador.

Para colocar a memória dos peixes à prova, Warburton e sua equipe estudaram os peixes em seu entorno natural. Analisaram sua relação com as características próprias de seu habitat e depois transferiram alguns exemplares a uma série de tanques de laboratório.

Lá, os especialistas ofereceram a eles diferentes opções, colocando alimentos em diferentes áreas do tanque e os enfrentando com predadores para estudar seus movimentos e suas reações.

Para Warburton, a habilidade dos peixes para lembrar e para aprender é tão complexa que "estudar seu comportamento nos permitirá aprender algo também sobre nossa própria conduta".



http://www1.folha.uol.com.br/folha/bbc/ult272u683743.shtml

Cisnes Se Divorciam

"Divórcio" de cisnes intriga veterinários britânicos

24/01/2010 - 12h47

da BBC Brasil

Um raro caso de "divórcio" entre cisnes observado em uma reserva natural para aves no centro do Reino Unido está intrigando os especialistas. Os cisnes normalmente mantêm um único parceiro pela vida toda.

Mas um casal de cisnes surpreendeu os veterinários da reserva de Slimbridge, no condado de Gloucestershire, ao retornar ao local em sua migração de inverno com parceiros diferentes dos que tinham na temporada do ano passado.

Casos de cisnes que encontram novos parceiros após a morte do parceiro anterior não são incomuns.

Mas os veterinários do centro dizem que esta é apenas a segunda vez em mais de 40 anos que um "divórcio" como esse foi observado entre os mais de 4 mil casais de cisnes que passaram pela reserva no período.

Os veterinários descreveram a situação como "bizarra".

Suspeitas

As primeiras suspeitas sobre a ocorrência rara foram levantadas quando o cisne macho Sarindi retornou da migração anual para o ártico russo sem sua parceira por dois anos, Saruni, e trazendo uma nova fêmea à tiracolo, batizada de Sarind.

A chegada do casal levou os veterinários da reserva a temerem que Saruni havia morrido.

Mas pouco depois Saruni chegou à reserva, trazendo um novo macho, Surune.

Após observá-los, os especialistas concluíram que o relacionamento antigo havia acabado e que novos teriam começado.

Surpresa

Julia Newth, pesquisadora de vida selvagem do centro Slimbridge, disse que a situação surpreendeu os funcionários da reserva.

Segundo ela, os cisnes tendem a manter "verdadeiras lealdades" e longos relacionamentos.

"Enquanto ambos estiverem vivos, eles tentarão se manter juntos. Se eles mudam de parceiros, normalmente é em consequência da morte de um deles, não por escolha própria", explica.

Segundo ela, o casal antigo não tomou conhecimento um do outro com nenhum sinal de reconhecimento ou de cumprimento, embora eles estejam ocupando a mesma parte de um pequeno lago da reserva.

Questionada sobre a razão da separação, ela diz: "Uma possível razão é a incapacidade para reproduzir, já que eles estavam juntos havia dois anos, mas nunca tiveram filhotes. Mas é difícil dizer a razão com certeza".




http://www1.folha.uol.com.br/folha/bbc/ult272u683904.shtml