Adeus À Solidão

29/09/2011 - 10h43

Após quarentena, fêmeas são liberadas para fazer companhia a gorila solitário do zoo de Belo Horizonte


Rayder Bragon

Especial para o UOL Notícias

Em Belo Horizonte



O gorila Idi Amim, uma das principais atrações do zoológico de Belo Horizonte, vai passar a dividir com duas fêmeas o recinto no qual vive sozinho há 27 anos. O encontro será nesta quinta-feira (29). Ele é o único exemplar da subespécie “Gorilla gorilla gorilla” em cativeiro na América latina.

As fêmeas, oriundas de um zoo da Inglaterra, desembarcaram no último dia 19 de agosto na capital mineira. Durante esse período, passaram por exames laboratoriais e ficaram em quarentena, uma exigência do Ministério da Agricultura e do Ibama. Ainda durante esse período, foram submetidas a técnicas de manejo para adaptação ao local.

De acordo com a Fundação Zoo-Botânica de Belo Horizonte, os exames atestaram a boa condição de saúde das duas.

Nesta quarta-feira (28), os animais tiveram o primeiro contato físico, sem barreiras, em uma área de manejo onde somente técnicos do local têm acesso. A interação visual entre eles já havia sido feita na última segunda-feira, conforme a assessoria da fundação.

Agora, o trio poderá ser visto pelo público, já que as fêmeas Kifta (11 anos) e Imbi (10 anos) serão soltas na área do recinto onde vive o gorila Idi, que tem 37 anos. A intenção da prefeitura é tentar melhorar a qualidade de vida do macho.

A fundação informou não ser empecilho a diferença de idade entre Amim e as novas companheiras para a adaptação entre eles. Há relato de gorilas machos reproduzindo, em cativeiro, até os 45 anos, informou o órgão.

Acomodações de R$ 200 mil

O processo da vinda das duas fêmeas se arrastou por anos, e o custeio de todo o trâmite burocrático, além de viagens de intercâmbio entre técnicos dos dois países, foi bancado com recursos da prefeitura e de uma empresa privada.

A parceria foi feita entre o zoológico mineiro e a Fundação Aspinall, da Inglaterra, no entanto, os valores não foram divulgados.

Uma reforma nas acomodações de Amim foi feita em 2001, ao custo de R$ 200 mil, ampliou as instalações e colocou à disposição do animal uma área de 2.400 metros quadrados que reproduz a planície da África.

O recinto no qual o gorila vive passou por outra reforma nos últimos meses, visando ao acolhimento das novas moradoras e melhoria na área de manejo e a construção de um local destinado a períodos de quarentena para animais.

A intenção da Fundação Zoo-Botânica, caso seja realizada com sucesso a interação entre o trio, é estabelecer um grupo reprodutivo e desenvolver no local um centro de conservação da subespécie, ameaçada de extinção.

De acordo com a fundação, originalmente essa espécie vive nas florestas tropicais africanas em grupos nômades, principalmente em reservas da África Central, em florestas abertas, nas regiões mais baixas e quentes, próximas a rios e alagados.
Idi Amim

O gorila chegou ao zoológico de Belo Horizonte em 1975, proveniente de um zoo francês, em companhia de uma fêmea de nome ‘Dada”.

Em 1978, ela morreu por conta de uma infecção generalizada. Em 1984, o animal recebeu a companhia de uma fêmea cedida pelo zoológico de São Paulo.

No entanto, “Cleópatra” já chegou com quadro de desidratação e diarréia, o que provocou a sua morte 14 dias depois da chegada.


http://noticias.uol.com.br/cotidiano/2011/09/29/apos-quarentena-femeas-sao-liberadas-para-fazer-companhia-a-gorila-solitario-do-zoo-de-belo-horizonte.jhtm