quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Censo da Vida Marinha

O Censo da Vida Marinha,iniciado em 2000 para marcar o Ano Internacional Polar,foi divulgado na segunda-feira (2),e é um inventário de 230 mil espécies em 25 regiões representativas de diferentes partes do mundo - da Antártida ao Ártico, passando pelos mares temperados e tropicais - e publicado em dez artigos na revista científica "PLoS One" (www.plosone.org).

Ele mostrou,após dez anos de trabalho de pesquisadores de todo o planeta, ao custo total de US$ 650 milhões, que apesar de ter cadastrado 10.750 espécies conhecidas e com nome em determinadas áreas, ainda há muito para ser descoberto: mesmo em um local com menor diversidade, há no mínimo cinco vezes mais espécies desconhecidas; além disso, é preciso catalogar as espécies em risco de extinção. Foi encontrado em cada região um total que vaia de 2.600 a 33 mil espécies,sendo 1.200 novas.

Os cientistas também concluíram até agora que a Austrália (32.889 espécies),o Japão (32.777 espécies) e a China (22 mil espécies) têm a maior biodiversidade marinha, enquanto que o Mediterrâneo (quase 17 mil espécies) é o mar mais ameaçado do mundo,devido à degradação dos habitats, excesso da pesca e aumento de espécies invasivas,favorecidas pelo aquecimento climático – e isso vale também para todos os outros oceanos. O Golfo do México tem mais de 15 mil espécies, e o Brasil ficou em 13° lugar, com apenas 9.101 espécies catalogadas.

Outra conclusão desafiadora: Austrália e Japão só conhecem 10% de suas biodiversidades marinhas.

Em 2006,os cientistas concluíram que os registros dos tempos dos romanos no Mar Adriático, da Era Medieval na Europa do Norte, até tempos coloniais na América do Norte e Austrália, confirmaram os receios de que a exploração e a destruição dos habitats esgotaram 90% de importantes espécies. Eles também confirmaram a eliminação de 65% das gramas marinhas e dos habitats de marismas, uma degradação de 10 a 1.000 vezes da qualidade da água, e de invasões aceleradas de espécies. Mais otimistas, eles também encontraram sinais das transições de degradação à recuperação onde a conservação foi executada durante o Século XX.

Os caranguejos, lagostas e outros crustáceos são mais comuns,somando 1/5,ou 19% das formas de vida encontradas;em seguida aparecem os moluscos (17%) e os peixes (12%). Focas, baleias e gaivotas são apenas 2% da diversidade da vida marinha.

Muitas espécies aparecem em mais de uma região - algas microscópicas, protozoários e aves marinhas - e são considerados pelos cientistas como "os mais cosmopolitas"; além disso,pelo menos 235 espécies marinhas vivem nos dois pólos da Terra,separadas por cerca de 12.000 quilômetros.

O Chauliodus sloani("Viperfish",Peixe-Víbora) é a espécie mais popular:existe em pelo menos 1/4 das águas marinhas.

Os anfípodes (pequenos crustáceos) além de comerem uns aos outros, podem se alimentar de flocos de matéria orgânica que caem para as zonas mais profundas como se fossem flocos de neve.Já o Pepino do mar da família Amperima se alimenta no chão do oceano,mas é capaz de nadar e é achado em montes e vales.

Essa pesquisa feita nas regiões abissais - “zonas de crepúsculo”,onde cada ser vive da matéria produzida perto da superfície; a luz do sol não atinge esta profundidade para permitir a fotossíntese,por isso, não há plantas, apenas bactérias e animais adaptados a pressões esmagadoras. Esses trechos planos do fundo do oceano são cobertos por uma camada de sedimentos minerais e orgânicos que servem de alimento para centenas de milhares de espécies. - registrou 17.650 espécies a mais de 2.000 metros de profundidade, reduzidas a 5.722 com a descida a mais de um quilômetro da superfície. São espécies novas para a ciência: dos 680 invertebrados,corais e ouriços-do-mar capturados, apenas sete eram conhecidos.

Uma das pesquisas afirma que muitos dos polvos que vivem em grandes profundidades evoluíram de uma espécie que ainda existe nas águas frias próximas da Antártida: a Megaleledone setebos. Segundo esse levantamento,à medida em que a Antártida foi ficando mais fria,o gelo aumentou e os polvos foram forçados para as profundezas,onde o sal e o oxigênio estão concentrados. Esta água densa então flui, carregando os polvos que se adaptaram às novas condições, possibilitando que se locomovam por águas profundas ao redor do mundo e não tenham o saco de tinta que permite aos seus primos de águas rasas utilizarem a camuflagem,porque como vivem no escuro,a tinta é desnecessária.

O Censo da Vida Marinha registrou ainda que menos de 2% dos recifes de corais em todo o mundo estão protegidos da extração, roubo e outras grandes ameaças.

Estranhamente,70% dos oceanos do mundo não têm tubarões. Em um extenso estudo do vasto abismo abaixo de 3.000 metros, os cientistas de mar profundo viram que esses peixes são quase totalmente ausentes: embora muitos vivam até 1.500 metros, falharam em colonizar mais o fundo, se colocando mais facilmente ao alcance dos pescadores,e assim podem ser extintos.

Há uma bactéria gigante de enxofre que habita sedimentos no leste do Pacífico Sul.

Calcula-se que o número de micróbios nos oceanos fique na ordem de 10 à 30ª potência ou 1 nonilhão,quer dizer,se fossem reunidos e retirados do mar,pesariam o equivalente a 240 bilhões de elefantes africanos. Eles formam de 50% a 90% da biomassa dos oceanos e são vitais para o funcionamento do planeta. A pesquisa coletou amostras de 1.200 áreas do planeta,e criou um banco de dados com 18 milhões de sequências de DNA de micróbios.

Perto de um gêiser, três quilômetros abaixo do Atlântico Equatorial, pesquisadores encontraram camarões vivendo próximo de uma fonte hidrotermal expelindo fluídos do centro da Terra a 407°C; mexilhões e mariscos vivem também nas laterais das chaminés dos gêiseres.

Dentre os 80.000 organismos de 354 famílias, gêneros e espécies que os investigadores do mar profundo coletaram no cume da Cadeia Mesoatlântica, há uma nova lula: Promachoteuthis sloani. Ela tem bicos duros, e parece capaz de mastigar.

No Hemisfério Sul,cientistas acharam uma surpreendente comunidade de vida marinha coberta por 700 metros de gelo e a 200 km de águas abertas;o recorde de abundância é de um cardume do tamanho da Ilha de Manhattan: oito milhões de arenques nadando juntos.

Um camarão - Neoglyphea neocaledonica, ou Camarão do Jurássico - dado como extinto há mais de 50 milhões de anos, foi encontrado vivo e saudável sobre um cume no Mar de Corais.

A Abyssobenthic ctenophore habita os mares do Japão,e Pepinos do mar de água profunda e Ascídias foram vistos na Alemanha,onde uma Esponja de vidro também foi encontrada; os pesquisadores acreditam que esses últimos animais, devido ao seu tamanho e lento crescimento, existiam antes do aparecimento de uma camada de gelo no local, e sobreviveram.

Exploradores descobriram centenas de novas espécies marinhas,além de Águas-Vivas Coloniais e um coral transparente na costa da Austrália. Entre as identificadas está a espécie de água-viva Ctenophore.Os cientistas australianos também encontraram dezenas de pequenas espécies de crustáceos. Uma delas é o caranguejo branco, que habita as águas de Heron Island,onde encontraram uma alga marinha de cor verde que pode ser uma nova espécie;ainda acharam lá uma alga vermelha,um pterópode,um Sabelídeo e uma Lesma do mar.Já o Lima sp,uma espécie de molusco,foi fotografado durante uma expedição à Ilha Ningaloo,onde um Tubarão-Baleia e uma Poliqueta foram avistados em corais.

A água-viva Aequorea macrodactyla e a medusa Mausithoe foram coletadas no Mar de Celebes e nas águas mornas do leste do Pacífico,ao passo que uma nova espécie de lula foi descoberta na região central do Atlântico.

A Água-Viva de Águas Profundas usa bioluminescência para "gritar" por socorro quando atacada. Registrada a 805 metros de profundidade no leste da ilha de Izu-Oshima, Japão,e um Hidróide foi achado a 670 metros de profundidade na Baía Sagami.

A Lagosta das Rochas, Palinurus barbarae,descoberta em Madagascar,tem meio metro.

A Lagosta Cega,descoberta em 2007, pertence a um gênero raro, do qual se conheciam apenas duas outras espécies e quatro animais vivos.

O protozoário que é uma nova espécie de Xenophyophore foi encontrado a 4.300 metros de profundidade no Cânion de Nazaré,ao largo de Portugal, é encapsulado em uma carapaça em forma de placa, com 1 cm de diâmetro e composta de grãos minerais.

O estudo foi responsável, em 2003, pelo primeiro registro do padrão de cores da anêmona Stephanthus antarcticus, que vive na Antártida,enquanto que a Aranha-do-Mar chamou a atenção dos pesquisadores porque o macho carrega um ovo em apêndices adaptados na parte inferior do corpo. Esta é uma das muitas possíveis novas espécies da região. Os pesquisadores do Censo tentam entender a evolução desses curiosos animais.Uma nova espécie de epímera tem apenas 25 mm também foi descoberta na Antártida,e houve ainda a constatação de que o sangue do Peixe de Gelo da Antártida é adaptado para não congelar em baixas temperaturas, por isso, não tem hemoglobinas nem células vermelhas.Diversas espécies de polvo foram observadas na área.

A Anêmona do Mar do gênero Actinoscyphia sp,que fecha seu tentáculos para capturar presas ou se proteger,foi encontrada no Golfo do México a 1.500 metros de profundidade,enquanto que um polvo foi visto a 2,7 mil metros.

O Camarão-Fantasma tem um nova espécie encontrada na lama de um vulcão no Golfo de Cádiz.

Claro,há nos mares vermes como o Árvore de Natal e também o Zumbi,que se alimenta de ossos de baleias.

Próximo à Ilha de Páscoa,no Chile,um caranguejo foi classificado em uma família nova:Kiwaidae.Criou-se um gênero,Kiwa,nomeado para o deus mitológico polinésio do marisco.A aparência peluda ou cabeluda justificou seu nome específico: hirsuta.É o Kiwa hirsuta,ou Caranguejo de Yeti.Um espécime foi coletado a 2.228 metros de profundidade.

Pesquisadores descobriram que a Macroptychaster,uma Estrela-do-mar gigante,pode ter até 60 cm de diâmetro.

Uma Estrela-do-mar cor de laranja foi vista em um coral se alimentando de microrganismos em uma corrente marítima na Nova Zelândia.

A Pycnopodia helianthoides,uma estrela-do-mar,vive no Alasca.

O resultado final do Censo será divulgado oficialmente no dia 4 de outubro, em Londres, mas quando estiver completo, deverá ser dividido em três livros: uma pesquisa popular sobre a vida marinha, um segundo livro com capítulos de cada grupo de trabalho e um terceiro livro com foco na biodiversidade.

Passeando na internet, capturei em sites como Terra, BBC,Folha de São Paulo, Estadão,Globo e UOL várias fotos e dados sobre o assunto,que realmente é muito interessante. Espero que vocês gostem. Lícia



























































































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